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"Eu não sou grande espingarda na alegria, de facto. Nunca fui extrovertido nem alegre e sinto esta sede de amor e de ternura inextinguível..." (António Lobo Antunes)
José Saramago disse várias vezes que o que pedia à vida era tempo. E depois, se o privilégio do tempo lhe fosse concedido, gostaria de reunir-se com leitores de todo o mundo e com eles falar interminavelmente de livros. Faltou-lhe tempo, os 87 anos de vida não foram suficientes para celebrar todos os encontros, mas a fundação que leva o seu nome abre as suas portas todos os dias para que os leitores se reconheçam em títulos e autores diferentes. Esta Blimunda também pretende recordar, uma vez mais, a impressionante estatura daqueles a que chamamos mestres e o nível que alcançamos, os leitores, quando nos aproximamos dos livros. A cultura salva-nos da mediocridade e do desânimo, as revista culturais são pontos de apoio quando a confusão nos aturde.
Do editorial.
Como já tinha falado aqui, este sábado participei no percurso pedrestre d'O Ano da Morte de Ricardo Reis, organizado pela Miss Lisbon, com o apoio da Fundação José Saramago. Gostei muito e foi tão bom recordar o livro, que já li há cerca de quatro anos, e que me parecia já tão distante (a minha memória é péssima), mas que fui relembrando facilmente através dos excertos que íamos lendo nas diversas paragens. O passeio começou no Cais das Colunas, e passámos por locais como o Cais do Sodré, Rua do Comércio, Rua do Crucifixo, Rossio, Rua do Ouro, Praça Luís de Camões e Alto de Santa Cantarina. Por fim, visitámos a Casa dos Bicos. Nesta última parte, já estava tão cansada que acho que a única coisa a que prestei realmente atenção foi ao primeiro piso, onde se encontram as obras de Saramago, em várias línguas, vários objectos pessoais do escritor, fotografias, pequenos vídeos, a medalha do Prémio Nobel e o seu escritório.
Foram cerca de quatro horas a andar a pé, num total de cinco quilómetros, segundo a nossa guia, que, devo dizer, fez um trabalho excelente.
A Miss Lisbon organiza mais passeios, sendo que um me ficou particularmente debaixo de olho: A Sintra de Eça de Queirós.
A TAP anunciou hoje que o novo Airbus 320 será baptizado com o nome de José Saramago.
Há alguns anos, à partida para (mais) uma viagem de avião, e diante do painel de azulejos dedicado a Bartolomeu de Gusmão, que acolhe os passageiros no Aeroporto da Portela, alguém disse a José Saramago que seria extraordinário se um avião recebesse o nome de Blimunda, a mulher que via por dentro das pessoas e recolhia vontades para que a passarola chegasse a levantar voo. O sorriso de José Saramago foi a forma de manifestar o seu agrado perante tal inaudita ideia. Agora, por iniciativa da TAP, não será o nome de Blimunda a cruzar os céus, mas o do próprio Escritor, Prémio Nobel de Literatura.
A mim, só me resta desejar um dia poder andar neste avião.
Não sei como é que só descobri isto apenas no terceiro ano da iniciativa, sendo O Ano da Morte de Ricardo Reis o meu livro preferido de José Saramago, até ao momento. Como se não bastasse, para além de percorrermos os caminhos de Ricardo Reis pelas ruas de Lisboa, ainda está incluída uma visita à Casa dos Bicos, coisa que queria muito fazer, desde há tanto, tanto tempo. Vemo-nos por lá.
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